Artigo: O agronegócio e seu viés imobiliário


Quando se pensa em agronegócio, não estamos falando, apenas, da produção de alimentos e da atividade pecuária. Há um lado bastante lucrativo que movimenta o setor e, segundo analistas, reserva boas expectativas para os investidores: o mercado de terras agrícolas.

Trata-se de um ativo bastante desejado, que desperta o interesse crescente de empresas interessadas em adquirir propriedades, destiná-las à produção de commodities agrícolas, e, claro, obter ganhos interessantes no mercado financeiro. Diferentemente de um bem de consumo, e fazendo o uso de um ditado comum no campo, “terra não tem ano”: quando bem manejada, sua valorização é natural. Se for produtiva e estiver em regiões com boa logística e infraestrutura, o valor aumenta ainda mais.

Comprar terras agrícolas também é considerado um investimento seguro, sobretudo em tempos de recessão, como o que vivemos recentemente. Com base em dados da consultoria FNP Informa Economics, que edita o Agrianual, em 2015, quando assistíamos o auge da crise política e econômica no país, o preço das terras, sobretudo no Sul e Sudeste, aumentou – também impulsionado pela produtividade de sua safra.

Ainda sobre o mercado de terras, assistimos não só a valorização das áreas, mas também à expansão das fronteiras agrícolas. Quem só pensa em Sul e Sudeste, não imagina como há ofertas interessantes nas demais regiões do Brasil.

O Agrianual registrou, em 2017, 40% de aumento no valor do hectare em Barra da Estiva, na Bahia, em regiões, por exemplo, de média capacidade de produção de café. Em Roraima, áreas de grãos em Boa Vista e Bonfim também registraram valorização de mais de 30%. O mesmo índice positivo foi registrado nas áreas de pastagens dos municípios de Castanhal, no Pará, e Gaúcha do Norte, em Mato Grosso.

Por fim, a expectativa para 2019 é que o bilionário mercado de terras ganhe força, inclusive impulsionado por novos investimentos de estrangeiros, que apesar de toda a discussão – que já tratei aqui algumas vezes – quanto à possibilidade de controlá-las, seguem com grande apetite para continuar investindo. O que vai impulsionar de verdade o volume de negociações é o andamento do novo governo e seus planos para o setor, bem como os investimentos em infraestrutura.